Vi uma flor.
Às minhas mãos vazias ela se ofertou
e lançou-me perfumes silvestres...
Sorvi-os, como o faminto sorve o leite
                       que lhe saciará a fome e a sede.

Contemplei a flor e vi-lhe espinhos.
Nas minhas mãos eles se camuflaram
e feriram leve, sem condições de não ferir.

Examinei a flor, com sensível cuidado.
Nas minhas mãos, senti que estava presa a galhos
e os galhos a troncos
e os troncos a raízes
      e as raízes à terra firme.

Soltei a flor.
Nas minhas mãos senti o vazio ferido,
o vazio sangrante de adeuses sem retorno.

E as minhas mãos e os meus dedos e unhas
choraram baixinho.

Eu perdi a flor...
Não a pude colher!

O vento soprou e continuei a sentir
o perfume selvagem da perdida flor....


 
E fiquei infeliz!


                                                             

 
VanePedrosa
Enviado por VanePedrosa em 05/12/2013
Reeditado em 09/12/2013
Código do texto: T4599862
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