De quem eram aqueles versos

De quem eram aqueles versos

Responderam os sinos da abadia

Eram dela

Tilintavam

Repicavam

Dia e noite

Noite e dia

De quem eram aqueles versos

Perguntou à Primavera

Respondiam os ventos pelas cercanias

Eram dela

Eram dela

Assoviavam os ventos

Não te queiras enganar

De quem eram aqueles versos

Do cinzento Inverno quis saber

De quem eram aqueles versos

Que choviam sem cessar

Ora, não te iludas

Eram dela

Repetia o frio Inverno

Às coisas todas do lugar

E ao Verão de seca e sol a pino

Resolveu questionar

Com a inocência de um menino

De quem eram aqueles versos

À luz poética do luar

Imediatamente responderam

As noites estreladas

Com olhos de tantas lágrimas

Caindo por sobre o mar

Eram dela

Não tornes à perguntar

Mas, ao Outono experiente

Quase já como uma demente

Decidiu também sondar

De quem eram aqueles versos

Os mais belos

Os mais acesos

Os que leu o tempo inteiro

Sem deles querer largar

Em nome de Deus, me diga

De quem eram aqueles versos

Não voltarei a importunar

Responderam a Primavera,

O Inverno e o Verão

Por que não sossegas o coração

Por que não queres acreditar

Eram dela aqueles versos

Não tornes a chorar