Bebidas
Bebo o arranhado ácido da minha
garganta, pois o fluxo das células
esmolam uma vida mais despida.
Bebo o sangrado plácido da minha
sepultura, duas datas no mármore
registram o berço e o fuzilamento.
Bebo o histérico clássico da minha
memória, estatísticas na planilha
cifram emoções enérgicas em vão.
Bebo o turbilhão tácito da minha
mochila, nela estoco minha língua
e meu hálito amassado de ontem.