Bebidas

Bebo o arranhado ácido da minha

garganta, pois o fluxo das células

esmolam uma vida mais despida.

Bebo o sangrado plácido da minha

sepultura, duas datas no mármore

registram o berço e o fuzilamento.

Bebo o histérico clássico da minha

memória, estatísticas na planilha

cifram emoções enérgicas em vão.

Bebo o turbilhão tácito da minha

mochila, nela estoco minha língua

e meu hálito amassado de ontem.

Dado Corrêa
Enviado por Dado Corrêa em 04/12/2013
Reeditado em 27/12/2013
Código do texto: T4598028
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.