EDIFÍCIO
A rima é o desespero da poesia
Fechada pra aluguel
Em dias de turbulência.
Coisa densa
Empacotada
Caco solto na estrada
Encomenda demorada.
Só encontra quem pisa nela
Há de ser confete quem encontrá-la
Nem ímpar nem par
Roda gigante
Paralela
Linha disto.ante.
A rima edifica o olhar
Poesia-edifício.
E não precisa rimar pra ser concreta
É concreta assim desfeita em pó
Da construção-do edifício-do olhar.
Eu olho a poesia sem rima
A rima-do pó-do concreto
Rima que bate e apanha sem dó
A não-sintonia
Híbrida
Afogada na própria vírgula.
O que seria da poesia sem o edifício
a construção, o olhar e o pó?.
Ainda sim poesia
Edificada
Dissonante
Transgressora
Transgestiva
Traída
Poesística.