VIVO DA PALAVRA
Preciso da solidão
E do silêncio
Mas gosta do vento e do movimento
De pessoas de plantas e de bicho
Vivo da palavra. Sei!
E posso perder o juízo a qualquer momento.
Gosto do que é difícil de ser dito
E incompreendido
Refugio-me no pensamento
Revolto-me
E faço uma revolução por minuto
Extrapolo, extravaso, crio um mundo
Se este não mais me agrada
Depois tudo apago, refaço
Vivo entre o impossível e a possibilidade.
Perco noites e tempo
Com letras que traço
Sem nenhuma valia ou utilidade
Mas que são minhas
Me calçam e vestem
Nenhuma outra é mais verdade
Poesia! Essa é a minha companhia dileta
Todas as outras se vão com suas verdades
É, eu sou e assim me sinto: estrangeiro
Dentro da minha cidade
Sem lenço e nenhuma bagagem.