ESTOU AO MAR
Estou ao mar,
E meu coração está tão seco.
Nem pedra é,
Pois, com o tempo à pedra se modifica,
Muda, quebra,
Encontra outra forma,
Cansa das ondas constantes!
Meu coração, não!
Estou ao mar,
E a brisa fria me é tão mansa
Que me parece que a tenho desde cedo!
Não, não! Eu não estou triste, eu sou só!
E não é uma solidão sem amigos,
Sem família,
Sem mulheres...
Não, juro que não!
É uma solidão pior.
É uma solidão de quem é só,
Em si mesmo.
Não, não é que as entranhas não ferem,
Que não queime, que não delate!
E que de tão morno e manso,
Capotei tão vagarosamente pra um “eu” estranho.
Algo como vela acesa!
Ponta a ponta,
Gota a gota,
Passo a passo.
Estou ao mar
E são nítidas as palavras que digo ao vento,
As cores de guarda-sol,
Essa bebida, singular.
--- Sem querer até percebi uma moeda trazidas pelas ondas!
Estou ao mar
E meu coração está tão seco,
Que bem poderia beber toda essa água salgada.
Triste poeta, de coração seco,
--- esqueceu de entrar no mar---