No cair lento da noite
A neve se afunda sobre a roupa
E molha meu ombro
A poesia esta em pedaços no silencio
No vento que grifa as árvores do terreiro
Essa cabeça de Cavalo tão negra é apenas a poeira das nebulosas
A poesia não ficou antiga para Orion o caçador
Não adormeceu sobre os hemisférios invertidos
Apenas se faz no cair lento da noite
E agora esta Inalcançável na memoria dos céus
E arde como poeira sobre os meus olhos
As estrelas reluzem e cintilam
A noite grava as palavras no computador
O silêncio da solidão é como um remédio que me consome
Que me envenena e aguça meus sentidos
Não posso perder um só minuto deste meu tédio
Ele entra pela porta fechada e senta ao meu lado
Eu me consumo em cigarros
E afogo meu fígado com vinhos baratos
A poesia me conduz a beira da loucura, me leva por lugares proibidos da natureza da alma.
Meu pé de angico onde se esconde o sol
Minha desilusão da vida
Minha desintoxicação das mentiras
Minha maior mentira
Minha harpa que me inspira
Que te deixa tonta
E suspira
Plangendo nas velhas pedras prontas
Estou à margem de minha dor
Não me afogo na voraz matéria
Mas não estou a salvo nesse mar de sentimentos.
As luzes dos faróis dançam nas paredes da casa!
A noite todos procuram suas rotas e é incrível fugir da rotina
Eu transpasso as paredes que me guardam
E vou sentar-me ao seu lado na fugaz madrugada.