VERSO PROBO

Eu não difamo,

Inflamo!

Margeio nas minhas parcas veias cardinais,

-tão precisamente estranguladas!-

Por onde fluem rimas crônicas de indignação,

Todo meu susto consubstanciado

Rogado! -sob a voz muda,

Embargada pela perplexidade do que vejo.

E antevejo.

Eu não difamo,

reclamo!

O direito legítimo de fazer versos de improváveis ecos

Porque nunca se ressoa sozinho no vazio dum infinito

A ingenua acuidade do que é projetado nos bastidores sem luz.

Horrores!

Eu não difamo,

Clamo.

Pela poesia proba, imparcial e de essencial sentido.,

Para que todo verso branco possa se colorir de brilho

Depois de decantada a maledicência que induz como certo

A dissimulação de todos os erros.

Horrendos enredos!

Eu não difamo.

Inflamo.

Clamo, reclamo

Amo.

E conclamo minhas veias tensas

para que de todo sangue sugado,

expoliado até a última gota

Advenha a clarividência da realidade:

Probo verso de verdade.

Nota da autora: um poema visceral.