Caminhantes


Há muitos anos, em minha distante mocidade,
Compus, constrito, uma canção – Caminhante –
E a cantando participei de inúmeros festivais,
Sem saber que hoje, já com muito mais idade,
Novamente a professaria, por não mais amante,
Desta mulher tão amada, a abandonar meus ideais.

Através dela, caminhava por uma estrada sem fim,
Caminhando e cantando a canção que sentia brotar
Pura e incontida em meu peito e assim o fazendo,
Convicto do que era, do tudo que existia em mim,
Dispus-me a mais que ser amado, sobretudo a amar,
E ora vejo que por tal estou sofrendo, morrendo.

As tantas pedras do caminho pisadas, que pisamos
Juntos em nosso breve caminhar, agora o vejo,
Com as flores colhidas durante esta caminhada,
Os amores curtidos e sofridos que tanto amamos,
Sem que jamais tenhamos suprido o mútuo desejo,
Somente aumentaram a saudade da mulher amada.

E de novo só, continuo a caminhar sozinho,
Por esta longa estrada de minha própria vida,
Já não mais me importando nem mesmo comigo,
Sem teu alento, sem teu amor, sem teu carinho,
Sem tua companhia, sem saber o porquê tão sofrida,
Ansiando pelo momento de sermos só, de novo, amigos.
LHMignone
Enviado por LHMignone em 02/12/2013
Reeditado em 30/04/2017
Código do texto: T4595753
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