Verão da devastação
Fervor do chão,
Árido sentimento
Foi naquele verão
Que tudo se perdeu
A vida ruiu lentamente
Enfraqueceu a estrutura
E desabou de uma só vez
Mundo morto, verão eterno
As carcaças escrevendo
Ao seco das estradas
A história de uma terra
A fuga da simples morada
E junto com o sonho belo
O vento traz o breve descanso
Verão, o chão que imita o inferno
No céu, alegoria de pássaros escuros
Dançando ao fedor do mundo
Nas entranhas e nas vísceras
Verão nesta região
Não vem em carícias
O deserto da esperança
Tudo seco, as peçonhas úmidas
Pessoas secas, vida e poeira
Nunca será esquecido, pois é dor
O que morreu, definhou ao limbo
E agora não é mais meu,
O sonho antes querido
O clamor por água,
Por algo, a fé desesperada
Tudo agoniza, e se finaliza,
Ao sol que tudo devasta...