Silenciou o silêncio no verbo rouco
Silenciou o espanto
num grito mudo que não era verbo, não era flor,
flor do sal
flor da pele
não era dor, nem mágoa, nem alegria ou contentamento …
Espanto apenas, esvaziado em metástases de nada…
Silenciou o espanto na agonia lenta.
Agonizou em anisotropia, em gélida hipotermia.
Rebuscou-se na busca de miraculosa alquimia
capaz de transformar a perpétua noite, em permanente dia!
(Não havia, ela não sabia!!!)
Buscou-se na magia caldeada em (pro)fusões antigas
d’ervas daninhas, dionisíaco-sacras,
em ervas taludas ou finas,
recolhidas no azimute de nenhum lado,
num local determinado p’la rosa-dos-ventos.
Na encruzilhada de milenares estradas. Emboscadas!
Ventou por dentro! Em desalento.
Foi sementeira, espiga madura, fruta madura…
Foi original semente, fruta emergente …
Foi rio, foz e corrente.
Foi água escorrente, nuvem subida e de novo
gota escorrida. Alimento de animal sedento.
Foi Vento! Ventania … Brisa corredia…
Ofegou por dentro! Em esmorecimento …
Silenciou o silêncio no verbo rouco,
num frio polar, para além de morto.
Resfriou por dentro! No entorpecimento!
Silenciou-se por fim, no deslumbramento selvático,
de ser cais e barco
ao mesmo tempo. Num só tempo! Num só espaço!
Contra todas as físicas leis!
E, numa volta de mar, num ocaso branco,
silenciou-se no espanto
de se espantar de si, mulher, e de por fim, ousar se enfrentar!
Volatilizou-se! Não existe mais…
Atomizada, apenas atónita partícula, povoa o ar!