Manicômio
Estou cansada da minha vida,
meus joelhos estão doendo.
Estou cansada das minhas roupas,
eu quero outras roupas.
Aqui há muitas coisas,
não quero mais essas coisas.
Estou cansada e sufocada
por ver essas quinas, cantos e contas;
paredes, por favor, deixem-me só...
No vazio, universo paralelo,
só com riscos e formas, as quais não conheço,
só com cores e sons,
uivos sem sentido nem tom,
cores entrelaçadas e obtusas.
Quero parar de pensar,
minha mente anda muito volátil,
quando perco as informações
perco também, o início de tudo.
Não estou mais preocupada com a vida,
preocupo-me por não me preocupar...
estou cansada de ocupar meus olhos,
mãos, medos e mente:
quero enlouquecer e morar num manicômio.
Não sou destes tempos,
talvez tempo algum me conceba.
Anjo humano sem asas nem auréola,
vestida em trapos como escrava mulata,
montanhas de campos temperados sem ódio,
da árvore amena contemplando a aldeia,
o cristal da vida da filha do vento,
e a filha do vento está presa há anos.
Não sou destas paragens,
destes tempos não nasci e não gosto...
é chegada a hora da grande batalha...
preparo-me: alguém há de vir me buscar.