Selva de Cactos
No sertão agreste
Secam as nuvens no céu
Azul
Arribam os pássaros
E suas canções
Os romeiros e suas orações
Morrem de sede as cacimbas
Os açudes
E o rio de olhos verdes
As espigas de milho
As lágrimas dos espantalhos
A flor quase fruto nos galhos
Sedentos
O mugido do gado
E seus rebentos
O córrego que corre
Nos teus músculos
Os minúsculos grãos plantados
Pela enxada
Secou também teu coração
Enchendo de espinhos
De cactos
Esta tez de areia do sertão
O orvalho das pétalas
Da rosa
Deixando o olhar de puro
Horizonte
E sem nenhuma esperança
Apenas um vento seco
Rodopiando
Esta seara onde a noite
A lua vem relembrar o tempo
Em que havia cantigas
E viola
E o amor era rimado
Com amora
Luiz Alfredo - poeta