DEZEMBRO

Dezembro estrela...

estrela seu papel secundário

de estar no cenário da insensatez.

No escaninho das lembranças,

nosso tempo de criança

morre de novo à mercê.

Dezembro hoje nos traz

insensatez.

Insensatez de um mundo insano

onde as estrelas que brilham

nos pinheirinhos dos sonhos

derrubam todos os céus de uma vez.

Dezembro é divina comédia.

Céu e inferno.

Abaixo, nosso sonho, nossa dor

e acima, no tapete vermelho,

jogos, shoppings, celulares.

E um Papai Noel exausto

travestido de computador.

Dezembro não tem mais sangue nas veias.

Dezembro envergonha o amor.

(Direitos autorais reservados).