A ÚLTIMA POESIA
Desde os ingênuos primeiros olhares
você já me pareceu inalcançável
eu senti que não estava a sua altura
era um sonho quase irrealizável
Tão inocente desejei o impossível
pra ser bom o bastante pra te merecer
quem sabe um príncipe, um herói ou galã
queria o melhor para te oferecer
Fui ouvinte, amigo e paciente
te estendi a mão e tentei enxergar
o que há debaixo dessa frágil capa
que fazes tanta questão de se enrolar
E seus enigmas me pus a decifrar
fui compreensivo com seu passado obscuro
ouvi seus traumas e respeitei suas escolhas
te tratei como princesa apesar de tudo
Abri meus braços pra te receber
e me preparei pra te encher de carinho
esquentei meu coração pra te aquecer
mas você preferiu tomar outro caminho
Me restou navegar pra bem longe
aproveitando os ventos da minha frustração
mas outros ventos me empurraram de volta
e a minha bússola perdeu a direção
Insisti, virei minhas velas o timão
até um remo eu arranjei para remar
mas me faltou a força que as dores do passado
vieram tão covardemente a me levar
Te dediquei inúmeros versos
da montanha russa de emoções que passei
de amor, de raiva, de ciúmes, de medo...
mas dessa “brincadeira” eu já me fartei
Quero apenas seguir em frente
e não mais dar voltas sem ir adiante
cá estou eu te escrevendo novamente
mas agora já não mais como antes
Para ti, essa é a minha última poesia
a minha libertadora carta de alforria
que rompe de uma vez essa corrente maligna
que a esse sentimento por você me prendia
Sigo leve, sigo em paz
e com a cabeça no lugar
continuo te desejando sucesso, felicidade
e o melhor que a vida tem a ofertar
Humildemente continuo achando
que mereces um cara melhor do que eu
mas também existe alguma chance
de acabar chorando pelo que perdeu
pois agora ao mesmo tempo acredito
que dificilmente encontrarás um outro alguém
que lhe respeite, que lhe ame tanto,
que seja tão companheiro e só queira seu bem...