E daí se meus abismos
retorcem e consomem os avessos?
Ninguém se apiedará
dos instantes em que me parto !
quando nem mesmo a vida
apieda-se das almas
e sorri com dentes amarelos
enquanto engole os pecados
e talha os sonhos
com a garganta crivada de agulhas !
... Já a senti me tatuar em seu palato
como um perfeito carrasco
silencioso e desesperador;
fazendo o favor de ensinar
sobre as sombras, as forcas,
sobre a alcova pútrida da dor
Ainda hoje escrevo do sepulcro
sob pálido suspiro
Posto que essa é minha alma
insana, humana, inquieta !
insana, humana, inquieta !
Prefiro o sopro da consumição
ao fosso da inércia !
ao fosso da inércia !
Denise Matos