SERES DA NOITE
Nada a noite ilumina na rua dos sonhos sombrios
Nem a lua ou estrelas nem os pirilampos vadios
Sentado no meio fio
O bêbado espera a chuva,
Saem-lhes os dedos das luvas
Dentro dos bolsos vazios.
No céu as nuvens frias, temerosas
Negras, densas, tenebrosas
Chama o vento ao rodopio.
Sombras lentas, vultos escuros,
Gatos em cima dos muros
Rendem-se ao assobio
Do morcego apressado,
Do mocho desacordado,
Fugindo do inseguro.
A moça olha da janela,
Sentindo os pingos celestes,
Aconchega-se as suas vestes,
Tranca tudo dentro dela.