POR MINHA VONTADE
Quando eu deixar de viver
levem tudo que restar de mim:
façam de novo este coração bater,
façam um outro rosto sorrir.
Quero que nova vida prossiga
com o que já não tem vida aqui.
Que alguém possa usar meus olhos,
se encante com as nuvens que brincam no ar.
Que alguém possa usar minhas mãos,
com elas sinta a água gelada do mar.
Que alguém leve de novo a esperança,
ao encontro de um jovem, adulto ou criança.
Quando de mim nada mais restar,
decerto, gostarei de saber,
que o que não ficou em mim
fez alguém parar de sofrer.
E irei assim…
Com quase tudo. Com quase nada.
De alma serena leve.
Por minha vontade.
Com minhas lembranças.
Eterna saudade.
Como pluma ao vento.
De encontro ao firmamento.
(Ana Flor do Lácio)