Devaneios do Final da Primavera
Morcegos não são ratos envelhecidos
e a Cuca não vem me pegar
meus folclores são dádivas extrovertidas
e na minha rua passam carros antigos.
Analgésicos fortes são das flores da papoula
e São Jorge matou o dragão da lua
minhas rezas são feitiços inebriantes
e no meu quintal cultivo sonhos úmidos.
Amores que se assassinam são ciúmes
e no rodamoinho um ou dois Sacis
meu cachimbo acendo aos Pretos Velhos
e na varanda do universo temporal de estrelas.
Olhares se assimilam em um quarto escuro
e nas missas de domingo eu estou dormindo
minhas preces são com pressa de verdades
e na estação do trem um homem espera a noite.
Cogumelos germinam imagens psicodélicas
e nos fuzis histórias de guerras e holocaustos
minhas poesias são antes do almoço e do jantar
como diz no receituário do psiquiatra insano.
E na árvore de natal uma pomba fez seu ninho
pobre menino que não ganhou presente
mas disse a vizinhança que vai ser presidente
só falta ir ao dentista para consertar seus dentes.