NOITES...
A minha mão sabe grafar as palavras
que habitam na escuridão da noite…
Quando ninguém vê nada, eu vejo;
quando ninguém ouve, ouço, e bem;
se vem um aroma de solidão, aprecio.
E há sempre um poeminha perdido no
escuro azul petróleo de cada noite fria!
Minha arte é encontrar poesia no breu.
Sei que vejo nas noites mais do que há.
Não são todas as noites que sabem vir
brincar nos vãos da minha imaginação!
Se vem, as recebo bem, e sempre terá
brincadeiras de roda e pique esconde...
E tudo é como banhar num rio manso!
Ninguém percebe, mas a noite está viva;
não pelas estrelas que brilham, mas pelo
que está escondido nos olhos dos bichos…
A noite passa por mim sempre mais lenta:
é que sei apreciar suas curvas e segredos,
é que sei amar esperando, é que sei ornar
a espera. É que sei acreditar calmamente…