INTEMPÉRIES ...
INTEMPÉRIES ...
Maria Luiza Bonini
Era uma chuva tenue e delicada, que invadia a minha tarde
Ofuscando o brilho do sol de sua clara e alentadora luz
Acinzentando palavras confusas, do que não se traduz
Ao trazer consigo, da melancolia à dor de uma de saudade
O vazio do que jamais se foi, enleado se abrigava em mim
Teimando, insistente, em permanecer vivo e tão silente
Tal filho, que a mãe gesta, no aconchego de seu ventre
Com a ansiedade da chegada do pressuposto amor sem fim
As janelas d' alma, em sua esperança, abriam-se, acolhedoras
Ao receber, festivas, o calor do sol que ressurgia trinfante
Dissipando as nuvens negras que se esvaiam, por errantes
Após a tempestade, percebi uma trégua, em meus caminhos
Como uma divina prenda, o frescor da brisa, se fez inebriante
Conduzindo-me a recomeços, que óra vislumbro, tão distantes ...
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"Umas coisas nascem de outras, enroscam-se, desatam-se, confundem-se, perdem-se, e o tempo vai andando sem se perder de si..."
Machado de Assis
São Paulo/Brasil