[Conjugação do perdido]

Ah, fugidio colibri iridescente,

quisera eu ser a tua morada!

Mas como, se o meu peito

não se abre como uma flor,

e assim — ah, desespero meu! —

não contém o néctar que buscas?

Morar-te eu, morares-me tu...

infinitivos infinitamente impossíveis

na irregular conjugação de nós dois?

...E sonho... tresvario, tresvivo,

de tanto não viver-te...

Ah, essa beleza que é suplício:

encantas-me e logo te esquivas

por entre os poucos raios de sol

tresmalhados entre as árvores...

E fico eu, perdido... perdido

entre as sombras e os reflexos

do teu voo sempre rápido!

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[Desterro, 25 de novembro de 2013]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 25/11/2013
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