[Conjugação do perdido]
Ah, fugidio colibri iridescente,
quisera eu ser a tua morada!
Mas como, se o meu peito
não se abre como uma flor,
e assim — ah, desespero meu! —
não contém o néctar que buscas?
Morar-te eu, morares-me tu...
infinitivos infinitamente impossíveis
na irregular conjugação de nós dois?
...E sonho... tresvario, tresvivo,
de tanto não viver-te...
Ah, essa beleza que é suplício:
encantas-me e logo te esquivas
por entre os poucos raios de sol
tresmalhados entre as árvores...
E fico eu, perdido... perdido
entre as sombras e os reflexos
do teu voo sempre rápido!
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[Desterro, 25 de novembro de 2013]