SOBRE SILÊNCIOS

No meio do alvoroço um moço

No meio da praça um segredo

Com o corpo preso.

Surpreendidos! todos ficaram aflitos.

Aquilo me atingiu

Aquilo nos acusou

Inflamamos gritos.

Naquele momento passamos a ser ele

E ele fez parte de nós.

Ficou horas ali parado no chão de barro

Sujo, mudo e culpado

Culpado sem juramento

Preso sem redenção.

Eis quais eram suas sentenças

O moço na praça

No seu silêncio

Condenava-nos

A culpa coletiva

Aos poucos... sua história de vida:

Ladrão de galinha

Ladrão de gente

Um coitado

Uma vítima

Curioso... As descobertas revelam

Muito mais de quem as pergunta.

Mas como se libertar?

Se somos labirinto?