A morte da poesia

Soltaram a poesia

a filha sonora da Agonia

e da Doçura

nas ruas da Amargura

soltaram-na...

e ela, coitada

sem saber o que fazer

perdida, desamparada

em tão amargo meio

sem regras e sem freio

lançada a versos tão irregulares

no circo sangrento

dos poetas arrogantes

quis suicidar-se

quis dar-se

e deu-se, em sacrifício à prosa...

ao vestir as vestes sacrificais

de despretensiosa, fugaz

fugiu aos tribunais

da Gramática Inquisição...

E morreu...

secou-lhe o coração

cessou sua respiração

de versos ofegantes e sôfregos

Morreu a Poesia!

a filha sonora da Agonia

e da Doçura

deixou-se morrer

até a dor morreu

fingida ou não

E alguém quis saber?

Não, deixaram-na morrer...

Francis Faria
Enviado por Francis Faria em 21/04/2007
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