A morte da poesia
Soltaram a poesia
a filha sonora da Agonia
e da Doçura
nas ruas da Amargura
soltaram-na...
e ela, coitada
sem saber o que fazer
perdida, desamparada
em tão amargo meio
sem regras e sem freio
lançada a versos tão irregulares
no circo sangrento
dos poetas arrogantes
quis suicidar-se
quis dar-se
e deu-se, em sacrifício à prosa...
ao vestir as vestes sacrificais
de despretensiosa, fugaz
fugiu aos tribunais
da Gramática Inquisição...
E morreu...
secou-lhe o coração
cessou sua respiração
de versos ofegantes e sôfregos
Morreu a Poesia!
a filha sonora da Agonia
e da Doçura
deixou-se morrer
até a dor morreu
fingida ou não
E alguém quis saber?
Não, deixaram-na morrer...