Vontade

De repente uma vontade de criar irresistível

E começo a escrever sem nenhum propósito

Do léxico e da sintaxe vem a rima plausível

Nem tão fácil quando não se é tão metódico

Que eu escreva verdade perene e inconteste

Embora à luz da ciência não haja o absoluto

Apenas a velocidade da luz no vácuo celeste

Premissas que eu enquanto poeta não refuto

Que me venha um poema que incite o amor

Dado o que me inspira parece psicografado

Mande-me uma ideia algum espírito mentor

Para que a poesia seja o meu maior legado

No mar de hormônios e neuro-transmissores

Navegamos sem norte ao sabor dos ventos

Cremos ser da vida os próprios condutores

Ter livre arbítrio ao escolhermos os eventos

Mas de repente algum rumo surpreendente

Rumo que não raro contraria nossa vontade

Sei que morrerei de susto, vício ou acidente

Que o livre arbítrio me auxilie na fatalidade

Mesmo sem mote o poeta tem que versejar

A necessidade premente do artista é a arte

Que não me falte a inspiração para eu criar

Que me venha em todo tempo e toda parte.

marciusantos
Enviado por marciusantos em 24/11/2013
Reeditado em 27/07/2014
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