Vontade
De repente uma vontade de criar irresistível
E começo a escrever sem nenhum propósito
Do léxico e da sintaxe vem a rima plausível
Nem tão fácil quando não se é tão metódico
Que eu escreva verdade perene e inconteste
Embora à luz da ciência não haja o absoluto
Apenas a velocidade da luz no vácuo celeste
Premissas que eu enquanto poeta não refuto
Que me venha um poema que incite o amor
Dado o que me inspira parece psicografado
Mande-me uma ideia algum espírito mentor
Para que a poesia seja o meu maior legado
No mar de hormônios e neuro-transmissores
Navegamos sem norte ao sabor dos ventos
Cremos ser da vida os próprios condutores
Ter livre arbítrio ao escolhermos os eventos
Mas de repente algum rumo surpreendente
Rumo que não raro contraria nossa vontade
Sei que morrerei de susto, vício ou acidente
Que o livre arbítrio me auxilie na fatalidade
Mesmo sem mote o poeta tem que versejar
A necessidade premente do artista é a arte
Que não me falte a inspiração para eu criar
Que me venha em todo tempo e toda parte.