Os olhos de Luih


Os olhos de Luih veem longe
O verso e o convexo,
O infinito e o ínfimo,
Peitos e rendas.

     Se fundem os olhos de Luih.
     Lentes, flashes, câmara e tripé.
     Luih se mistura
     Ao caos e à loucura.
     Luih, olhos sensíveis e negros,
     Brinco e músculos,
     Ponto e contraponto.

Os olhos de Luih espreitam
Cenas e fendas, risos e bocas,
A risca e a linha,
No exato momento.
Cinzas, flores, gotas, pedras.
O insólito e o perfeito,
O povo, o luxo e o nada!

     Luih faz retratos de gente,
     Na rua, no bar, nas enchentes.
     Fixa a lente certeira,
     Em meio a círculos e feiras.
     Na velocidade de um flash,
     Esparrama poesia em imagens,
     Perpassa o papel e o pensar.

O alvo não é Luih,
mas de Luih é a sina
De se defrontar em esquinas e
Becos. O tiro de raspão passa,
Disparam tensões, violências.
Capta a tragédia e estilhaços,
Na mira, no olho, nas balas.

     Luih, olhos ardentes,
     A alma presa num átimo,
     O foco perfeito no espaço.
     Suados, confusos momentos,
     Densas sombras ebulindo,
     Luzes, pelos, brilhos e o chão!



______________________________________ 


* esta é minha homenagem a todos os fotógrafos do Planeta.
______________________________________
IZABELLA PAVESI