Aclamação ao amor
Tenho medo.
Medo de acostumar-me a essa distância
De sentir-me bem a tua ausência
E gostar de mim, só de mim
Sem penitência
Glória! Chega-me ainda a nostalgia
De tristeza, às vezes, choro.
Aquele amor que tomou-me a vida
Apagou-me o mundo
Roubou-me o dia
Não fosse a certeza da partida, eu bem sei
Tinha-me levado a alegria.
Se ainda não sorri
Ao viço inebriante da liberdade
Às luzes incandescentes da cidade
E ao tempo enlouquecido dos desapegados
É visto que conheci, aqui dentro,
O ilimitado espaço do sentimento
A saudade e o instante crônico da saudade
Conheci a clausura do amor.
Contudo sofra, tenho medo perder-te tudo isso
Tenho medo perder-me no vazio
Lá de fora, a ilusão do real
Afasta minha emoção de mim
Vem pra mim
Renova-me a culpa por nós dois
Traz de volta a velha esperança
E de novo a criança
A clamar por amor.