OH, GLÓRIA!

quando tua lua

chega e come tua cria

vês onde a escuridão atua

e a vida que mal se inicia

acaba na arcada de uma grande cabeça de luz

e glória.

quando teu sol

chega e abrasa teu fruto

vês que luz nem sempre é farol

e a primavera, num corte abrupto

acaba na fornalha de uma grande cabeça de fogo

e glória.

assim, na sua glória,

noite e dia guardam suas incertezas

construindo o labirinto da história

e a soma de todas as belezas

por fim procria um anjo deformado e destituído

de glória

assim, na sua glória,

o universo revela-se ilusão

e a verdade é apenas memória

e a evidência, apenas confusão

o que tu és senão o monstro de ti mesmo embriagado na doçura

da vanglória?