JÁ NÃO HÁ
Já não há mais aquela que te viu partir,
e teu regresso aguardou,
na esperança impossível,
de uma felicidade imaginária.
Já não há mais aquela que os teus passos conheceu,
e tua presença adivinhou,
com secreto desvelo,
e trêmula vertigem.
Já não há mais aquela que insone te esperou,
e adormecida sonhou
na tua longa ausência fria e silenciosa.
Já não há mais aquela que ansiou a carícia
de tuas mãos intocadas,
e buscou o lampejo do teu olhar distante,
no suceder de uma agonia insana.
Já não há mais aquela cujos pensamentos foram poesia,
e cujas mãos modelaram a paisagem,
com o fim de promover tua alegria.
Aquela que te amou,
que em martírio
cultivou a solidão,
que viveu de lembranças,
que em silêncio chorou,
que te amou com loucura
perdoou-te a indiferença,
que só viveu por ti...
afinal...já não há!