Dei de escutar os silêncios...

Tenho cravado em mim

um canteiro de pedras…

Teimosas mudas de rosas

carmim brotam das fendas;

nascem para mostrar-me

o milagre da primavera!

Eu, que aprendi a cultivar

os absurdos; não alarmo

que das minhas margens

surjam um manso riacho

com garças pelos seixos…

Que lavem minhas culpas!

Com a noite dei de escutar

os silêncios; o vento sabe

contar histórias do ontem:

basta ter ouvidos de calma,

basta saber que não é tarde

e ter fantasias de inocência!

O que me dá medo na alma

é o abandono das palavras;

pois, com elas sei inventar

um mundo que me bastaria.

Sem, seria mudo de poesia,

sem fala, gestos e sorrisos!

Tenho um sonho extraviado,

carregado de floreios doces,

perdeu-se na noite. Sem rumo

partiu inventando caminhos…

Agora estou livre: vegetando

abarrotado de nadas e vazios!

IVAN CORRÊA
Enviado por IVAN CORRÊA em 23/11/2013
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