Benzições

Minha avó benzia

Com o galhinho de arruda, escapulário no pescoço

Virgem senhora dos ventos, como benzia!

Benzo em nome do judeu errante

Das chagas abertas de Sebastião

Do padim ciço da misericórdia

Que embuxou as armas de lampião

Benzo a pomba ferida

A beleza da jacutinga

Benzo o pobre e o rico

Pois rei tambem tem catinga

Benzo para afastar a briga

Entre o caôlho e o perneta

Um gago contra outro gago

Buscando a paz no planeta

Eu benzo, rebenzo e exorto

Para as profundezas do inferno

10 mil doenças malignas no planeta

Noves fora 1 reumatismo que me ataca no inverno

Quebranto de nora, mandinga de sogra

A mágoa que destroi o mundo

Benzo, reverto e enterro

Nas águas do mar profundo

Benzo a espinhela caída

Erisipela e erisipelão

Ôlho do mal, inveja de parto

Vendaval e mijacão

Benzo a floresta encantada

O jaó piando na serra

A nascente de água cristalina

Que vem saciar a terra

Benzo o grande descobrimento

De portugal a conquista

Benzo o marinheiro que gritou

Navegantes, terra a vista!

Minha avó benzia.... até o CARALHO!

Segundo a Academia Portuguesa de Letras, "CARALHO" é a palavra com que se denominava a pequena cesta que se encontrava no alto dos mastros das caravelas, de onde os vigias prescrutavam o horizonte em busca de sinais de terra.