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esse amor que chamavas de teu
não era nada senão um empréstimo
não havia papel nem nota que o afirmasse
se não deu perda tampouco houve acréscimo
assim se nasce
assim se morre
do primeiro
ao milionésimo
beijavas boca que não havias comprado
e toda essa saliva entrava em comodato
sanada a dor, perdias o direito,
de sugar aqueles lábios e, estupefato,
batias no peito
batias na mesa
deveras inconformado
com o coração fatiado no prato
quem mandou invadir aquele ventre
já que não podias arcar com o ônus
uma marca na pele não lhe dá escritura
e terás que lidar com tanatos, eros e cronos
assim se vive, criatura
assim se morre, hermano
indevidamente ferido
e com o sangue amargo de bônus
quando imaginavas poder sonhar
o diabo lhe apagou um cigarro no ouvido
e baforou anéis na tua cara de bom bandido
como se o pequeno principe tivesse crescido
olhar perdido
mãos pequenas
pernas bambas
com medo do que tem que ser aprendido