VENHO CONTAR (homenagem à Anastácia)
Venho contar a versão,
De minha própria história.
Tudo o que vivi
E guardei na memória.
Sou descendente dos Bantos,
Povo africano e guerreiro.
Porém, minha mãe foi arrancada de sua terra;
E então nasci em solo brasileiro.
Quando era jovem,
Minha mãe muito sofreu.
Por ser bela e altiva;
Nas mãos de um branco padeceu.
Para minha infelicidade,
O horror se repetiu:
O filho de um feitor,
Apaixonou - se quando me viu.
Não correspondendo nunca,
Ao seu amor bestial;
Fui também sacrificada,
Como se fosse um animal.
Torturada por uma máscara;
Meu suplício foi sem fim;
Mesmo as mulheres da casa,
Mantinham a peça em mim.
Anos e anos se passaram,
Sem que eu pudesse descansar.
Até que chegou a hora;
De aos meus ancestrais me juntar.
Triste foi minha vida;
Mas continuei a lutar.
Pois para o negro; a dignidade,
Nunca há de nos faltar.