VERSOS DE VELUDO!
Meus versos são feitos à beira da praia
Sem dor, sem desprezo e sem qualquer ira
Por vezes são feitos de pura cambraia
Outras vezes feitos…de fina caxemira!
Podem de igual ser feitos ao vento
À lua, às estrelas ou ao coração
Porque eu os trato no meu pensamento
Tal qual um tapete …de intacto algodão!
São feitos ao sol, e às águas do mar
No dia de hoje ou somente amanhã
São para distrair ou para sonhar
Pois são envolvidos em rastos de lã!
Quando os faço para alguém que amo
Vão em direcção de um verde jardim
E nas noites frias em que por ti eu chamo
Parecem estar em lençóis de cetim!
Podem ter a alegria ou tão só a tristeza
Ou perderem-se até por vasto caminho
Ou conter da brisa a breve certeza
De terem em si, fiadas de linho!
Se somem ou não por alguma vereda
Depois eu os tento, enfim encontrar
Para novamente os poder entregar
Nessas tuas mãos, cobertas de seda!
E quando não querem da mente sair
Talvez a poesia não seja bendita
Mas por certo vão fazer-te sorrir
Aquando do adeus em lenço de chita!
Se dúvidas, tiver, pois então formule
Todas as perguntas às quais eu respondo
E dou-te a beleza de véu feito em tule
No qual o meu rosto, no tempo eu escondo!
Meus cantos de agora que não dizem nada
Quando eu morrer poderão ser tudo
Porque a minha alma mesmo depenada
Lembrará meus versos …de leve veludo!