Nega gata

Da janela do ônibus

Eu vi uma negra cabisbaixa

Provavelmente um humano impar

Querendo capotar nas curvas do mundo

Por ser uma impar dentre tantos pares de humanos brancos

Mais insistente que um católico

Que assinala a cruz por toda igreja que passa

Essa deve ser uma daquelas negras

Que lava o rosto e não perde a beleza

Tem um cabelo todo doido

Que fica doido com ela que não o penteia

Pra ficar charmosa

Ela não o penteia mesmo

Sabe que seu charme esta no deslumbrante verde dos seus olhos

Abarcados de solidão

Vou descer desse ônibus

Aqui só tem gente gorda e branca

Vou correr para aqueles olhos verdes imponentes

E formar um par com ela.

Ray Fernando
Enviado por Ray Fernando em 20/11/2013
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