Nega gata
Da janela do ônibus
Eu vi uma negra cabisbaixa
Provavelmente um humano impar
Querendo capotar nas curvas do mundo
Por ser uma impar dentre tantos pares de humanos brancos
Mais insistente que um católico
Que assinala a cruz por toda igreja que passa
Essa deve ser uma daquelas negras
Que lava o rosto e não perde a beleza
Tem um cabelo todo doido
Que fica doido com ela que não o penteia
Pra ficar charmosa
Ela não o penteia mesmo
Sabe que seu charme esta no deslumbrante verde dos seus olhos
Abarcados de solidão
Vou descer desse ônibus
Aqui só tem gente gorda e branca
Vou correr para aqueles olhos verdes imponentes
E formar um par com ela.