Vagal

Uma nuvem que cruza o céu e não chove

De nada serve

Só leva sombra ao homem

Que ingrato se abriga sob a marquise

Eu acredito na sua dor mesmo sem conhecê-la

Afinal as dores são todas iguais

Só mudam de nome e endereço

Sem lua, sem lobos

Sem nuvem, sem chuva

Sem chuva, só sombra seca

Todo vago é sem valor

Tudo tem um preço

Mas nada disso é preciso

Uma cabeça vaga e cega

De nada serve

Para o diabo que carrega

É como fazer milagres

Transformar água em água

Perigo em perigo

Vinho em vinho

Uma cerveja e três conhaques

Atravessa a cidade sem chuva

Com essa alma vagabunda

Cheirando a quarto de hotel.

Ray Fernando
Enviado por Ray Fernando em 20/11/2013
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