Vagal
Uma nuvem que cruza o céu e não chove
De nada serve
Só leva sombra ao homem
Que ingrato se abriga sob a marquise
Eu acredito na sua dor mesmo sem conhecê-la
Afinal as dores são todas iguais
Só mudam de nome e endereço
Sem lua, sem lobos
Sem nuvem, sem chuva
Sem chuva, só sombra seca
Todo vago é sem valor
Tudo tem um preço
Mas nada disso é preciso
Uma cabeça vaga e cega
De nada serve
Para o diabo que carrega
É como fazer milagres
Transformar água em água
Perigo em perigo
Vinho em vinho
Uma cerveja e três conhaques
Atravessa a cidade sem chuva
Com essa alma vagabunda
Cheirando a quarto de hotel.