AMOR E TATUAGENS
É quase sol sobre águas.
Alumiam-se as pálpebras do dia
e a estrela Vésper cochila
sua harpa de prata.
Pontos de luz refletidos n’água,
reflexões corrigem rotas de amar
e tatuagens, o corpo das lembranças.
Redutos lúdicos de outros tempos,
baús de ouro gasto, acumulados.
Bar praiano: a melodia de Djavan
navega o seu “Oceano”,
memórias de suor e chuvas.
O poema circunstancial, manso,
cochicha sua diferenciada linguagem.
Avizinham-se de mim dolorosos duendes
e fujo pra cama de folhas, antigas árvores.
Tarzan e Jane enlaçam-se nos verdes braços.
Mais um mito começa a se construir.
Respira-se o sal da manhã
oxigenado de clorofilas.
Nunca haverá ódio
na boca solfejada de amores.
– Do livro OVO DE COLOMBO. Porto Alegre: Alcance, 2005, p. 79.
http://www.recantodasletras.com.br/poesias/45776