ESPELHO

Que medo é esse

que me deixa em frente ao espelho?

Que tranca a porta

e conta as horas

para andar descalço na rua?

É o mesmo que me penteia os cabelos

Sopra minha comida

Deita na grama

como se fosse cama.

Que medo é esse?

de pensar no depois

e encontrar solidão

no instante que abro a janela

Deixando cair o retrato

antigo

Rompendo o laço

do ontem

Molhar as mãos

em lago profundo

abrir os olhos

esbarrar no mundo.

Medos são horas

feitas de solidão

Repousam na moldura do espelho

Pintam paredes cruas

Seguem na volta

na ida

Medos são famintos

de vida.