Colisão
Entro correndo, esbaforida
De repente a colisão
Toco em você, me esvai a vida
E pergunta assustado
Machucou ? Claro que não !
Eu te ajudo . Não precisa.
Nem pensar,eu cuido disso.
Deixa estar. Faço questão.
Me abaixo aturdida
resvalando em emoção
e em leve taquicardia
Em vertigem contundida
observo a sinfonia
do concerto à quarta mão
Você recolhe ligeiro
relatórios, grampeador
O anel e o batom
Eu farejo seu cheiro
sua boca, o seu calor
Você pega a agenda,
a caneta, o celular
E eu fiapos de sonhos
que fico a tatuar
sobrescritos como lenda
nessa nuca de luar
Você guarda lápis de cores
No meu estojo marfim
Eu cato o olhar maresia
nacos de meu coração
e sua voz de querubim
cacos de sonhos e dores
confundidos pelo chão
Você levanta, me puxa forte
eu premonizo beijos,
tempero abraços em desejos
depois aceito até a morte
Ei, tá dormindo ? Hein?
Fechou os olhos, está pálida !
Não, é impressão, tudo bem.
Desculpe a confusão. Que nada !
Minha culpa e distração.
Obrigada, vou ter mais atenção.
Você se vai sem intenções
Impune corredor sem fim
E agora, como fazer?
se ainda há tanto a recolher
a meu redor, aos milhões
luzentes pedacinhos de mim...