TOLA
dança querida tola, teus passos vão balançar os meus sonhos
teu desejo ardente de voar vem até mim e me diz pra dormir,
mas eu nego a ordem absurda de por meus pensamentos no desespero
dos lençóis úmidos de saudade de ti
o mar, que correntemente se joga pra direita e pra esquerda
me afoga na imensidão do seu balanço
de ondas, de vento, de calmaria e agitação
desconcertantemente me alivia em toda respiração
areia entrando em meus olhos me diz pra acordar
e na indecência de meus julgamentos, me faz relembrar
eu estou aqui agora, ou não?
pés na areia, no chão, ou voando por aí, sobrevoando a lagoa dos patos sem pernas
sim, dança querida tola, escuta o som do jazz, e balança seus seios sem parar
eu gostaria de pairar na sua cabeça agora e te fazer lembrar de mim
somente por orgulho, somente por pressão, somente por tesão
teu corpo é a pintura do meu teto.
sacode querida tola, queria saborear tua lingua no jantar,
e beber seus calcanhares no café, ao meio dia, me lambuzar em suas coxas, lisinhas, encaixadas nas minhas, sacudindo a cama de inquietação
queria sentir o cheiro dos seus ombros me acordar de manhã