Pão Amanhecido

Amanheceu, mas na cabeça o jugo do espaço

entre as estrelas já tão invisíveis, plausíveis;

entre os jardins que se demoram muito

para brotar a essência desse vime, que colho.

Amanheceu, mas na janela o sol não percebeu

entre as cortinas dos meus pensamentos, profundos;

entre o silêncio que se demorou muito

para reinar no corpo-mente-espírito do Eu.

Amanheceu, mas no olhar a noite é eterna

entre outras almas em si mergulhada, calada;

entre o vestígio que se demora muito

para deixar seu rastro ininterrupto.

Amanheceu, mas o canto é pelos pássaros

entre as folhagens da jabuticabeira, madeira;

entre outros galhos que se demoram muito

para comporem as novas sinfonias, vazias.

Amanheceu, mas o verso agora é a poesia

entre as viagens dos meus devaneios, distantes;

entre outras rimas que se demoram muito

para satisfazerem por entre as estrofes cortantes.

Amanheceu... E a ventania carregou o meu chapéu.

Amanheceu... E é o velho pão nosso de cada dia.

Jonas R Sanches
Enviado por Jonas R Sanches em 18/11/2013
Código do texto: T4576040
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