Moisés, por Michelangelo


Ao concluir a escultura de Moisés, alucinado
Diante da beleza de sua obra, Michelangelo
Bateu com um martelo no joelho desta e disse:
“Parla, perché non parli?” (Fala, por que não falas?),
Tamanha era a perfeição do sonho eternizado,
Onde conseguira afinal retratar, sereno e singelo,
A expressão de quem o inspirara, sem mesmice,
Toda a beleza perante o qual o mundo se cala.

Segundo Freud, que séculos depois comenta
“Que se trata da mais alta realização mental
Possibilitada a um homem, combater com êxito
Uma paixão interior pelo amor de uma causa
A que se devotou” Moisés, que não lamenta,
Buscando a figura de Deus, olhar distante, tal
Como me encontro agora, quando ora hesito
À procura de tua imagem, perdida nesta pausa.

Oh, interregno de tempo atroz que me confina,
Ao mais íntimo de meus mais puros sentimentos,
Quedado ao ver-te partir, talvez para sempre,
Em busca de teu próprio destino implacável.
E, o que é pior, o que mais me deprime e alucina,
É que voaram lépidos como raios estes momentos
Em que estivemos presos em um abraço, sempre
julgando que o viveríamos por tempo interminável.
LHMignone
Enviado por LHMignone em 18/11/2013
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