As Horas

Perdi a hora.

Me bastasse a amargura de andar como o vento

Perdi a hora e ganhei exatos minutos me dados de surpresa

Essa hora tão incerta que já não faz parte do momento seguinte.

Ah, como é amargo não saber das horas!

Vivendo imortais fragmentos de vida

Estar ausente de gestos alheios

Ter desespero de manhãs.

A hora agora,

Quando eu encontrá-la, esta traiçoeira,

Devolverei a hora que ela me obriga a guardar

e serei toda despida de horas.

E falarei com os olhos no momento do silêncio exato

Para que os risos sejam imortais companheiros

de horas passadas

Infinitos instantes de agora.