EU BEBI MUITO E AMEI POUCO
Eu bebi muito,
E amei pouco!
Não construir se quer versos
Que soubessem de nós dois.
Que tocasse nós dois,
Nossos rostos,
Que chorasse de ri com teus medos,
Toda vez, que nos encontrávamos sós.
Teu medo dos meus medos,
Teu medo
Eu bebi muito,
E amei pouco!
De salgadinho ainda carrego muito sal,
Embora já não haja mãos que me toque.
A cidade me prostituir como santo!
Eu bebi muito,
E amei pouco!
Seria bem, mas forte se me tivesse tornado-se homem,
Tornei-me poeta!
Não entendo as causas!
Eu bebi muito,
E amei pouco!
Não chorei os amigos que partiram,
Não chorei as mulheres,
Aos filhos,
Aos pais,
Nem aos mortos,
Não chore...
Mas trincam minha consciência,
Essa estúpida febre humana,
De medirmos pelo que temos,
Não pelo que somos,
Febre estúpida, humana!
Eu bebi muito,
E amei pouco
Não toquei tuas mãos,
Tu não tocas minhas mãos,
E assim eu não vejo tuas lagrimas,
Tu não enxerga minhas lagrimas,
E assim eu durmo com o espírito livre,
Tu dormes com o espírito livres,
E eles não se bailam...
E assim eles não atraem:
A mágica,
A nata,
A graça de nós!
Eu bebi muito,
E amei pouco!
Mas sempre brindei á um deus,
A um amor de agora,
A uma causa, uma coisa,
A uma pessoa,
Nomes,
Datas,
Lembranças
Há uma infinidade de templos,
Que nunca fará meus pés saírem do chão!
“Qualquer dia desses brindarei a mim mesmo”
Eu bebi muito,
E amei pouco!
Quantas vezes não disse meu nome,
É certo que escondesse o teu também,
Missa de domingo, não lembro,
Homem de domingo, não lembro,
Lembro uma falta,
Lembro uma rasca, dessa casca que nunca caiu!
Lembro a estrada de terra.