Umas palavras
Qual destes poemas lhe agradam mais? Um é sobre o poeta rreira gullar;o outro sobre o cronista Rubem braga
Rubem, cintilas o interior brejeiro
Do interior, menino esperto, és sim
Acocorava-se perto do cajueiro
De Cachoeiro de Itapemirim
Sem pátria, o mundo conquistaste
Quando em São paulo cobriste a Revolução Constitucionalista
Em recife, no diário de Pernambuco
Mostraste, com o amor, um velho jovem otimista
Então tu, escritor do gênero maior
Tu foste o único cronista
Pois apenas cronista foste sendo
No decorrer da jornada, tua brandura - a mesma do Conde e o Passarinho
Mostraste ao parisiense este mineirinho estupendo
Por fim voltaste ao Rio
Já perto de morrer
Pra mostrar ao brasileiro
A Babilônia Copacabana
Pois , Ai de ti, Copacabana
Ai de não ser minha pura mente interiorana
Eis , Caro Rubem, que findaste assim
Pois um cronista não é sério
Não é garboso, não é belo
Mas assim que foste cronista
Minuciosamente bem sendo
Bem também foste com todo esmero
Ou
Gullar, fazes hoje 82 anos e revelas a alegria
de ser (e de não ser sendo) autor da poesia.
Desconstruindo as palavras, demonstraste rebeldia.
Foste dono das palavras, muito além da serventia.
Disseste que a tua incerteza nos ilumina
e iluminando-nos nos deste a vida.
Gullar, não nos deixes esquecer jamais
que a busca pelo incerto faz surgir a poesia.
Tomemos o que foi dito por não dito
e comecemos o poema novamente.
Gullar, tortura e exílio te tornaram resistente,
escreveste o poema sujo (pela verdade hedionda),
dando força às pessoas para também lutar por seus direitos.
Gullar, na rádio Itimbira foste fiel a tuas ideias,
negando-te a ler mentiras para manter o teu emprego.
Se foste ativista inteligente foi porque a poesia o exige;
tiveste de fugir, erro que o fim da ditadura não corrige.
Afinal, Poeta, tens mais de mil facetas
que se revelam a cada instante,
mas há sempre um ser constante:
mesmo sendo um, és mais de mil poetas.