Paradoxo das Observações
O meu vendaval já virou furacão
onde redemoinha o meu coração,
estilhaços pedintes dessa insensatez
nascidos na vertigem dessa embriagues.
O meu chuvisqueiro virou tempestade
que deságua ilícita pela minha idade,
enxurrada profunda dessa lucidez
carregando pra longe a insanidade.
O meu devaneio virou alucinação
que borbulha em cores na minha visão,
dicionário faminto de novas palavras
engolindo dos versos todas minhas lavras.
O meu gigantismo virou pequenez
que inocente insiste em minha estupidez,
poesias docentes, nocivas e resilientes
entalhadas em rimas já tão decadentes.
O meu sofrimento virou redenção
que revela o incesto da imaginação,
reverbera os gritos dos meus vocábulos
que são filhos dos filhos dessa construção.
O que eu observo virou inspiração
que descreve ingênua minha condição,
de forma metafórica e paradoxal
descerrando as cortinas do bem e do mal.