AO PÉ DA LETRA
Maria Clara, a morena
É oito ou oitenta,
No claro dos cinquenta.
Não deixa por menos,
Por mais, tampouco.
Coisas de somenos
Ou crises de loucos.
Maria (é claro)
Tem a medida
Exata da vida,
Nada de menos
Nada de mais.
Ao pé da letra, revida
O tamanho de seus ais.
“Nem tanto ao mar
Nem tanto à terra”,
A morena Maria
Aporta no melhor cais.
Maria Clara, a morena
Faz travesseiro de penas,
Dorme em alva cama
Brilhante, como o lençol
De noiva na grama,
Quarado,
Onde se esparrama.
O sereno misturado
Com o claro do sol.
O dourado sonho de Maria
Sem excesso ou fantasia,
No ponto certo ela tenta.
Arregaça as mangas
Sem medo inventa,
Risos livres das cangas
Ou água benta.
Clara, a morena
Maria
Sem pena
Atormenta
Equilibra-se entre o oito
Da alegria
E a razão do oitenta.
Dalva Molina Mansano
publicado em setembro/2011
Republ. em 11.11. 2013
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