Alvorecer da Saudade

Encapela-se o olhar

Nas pálpebras que anunciam

O ondear do brilho da manhã

Há um silêncio de maré cheia

Transbordando na memória

Mar aberto de lembranças

Desaguando ante meus olhos

São tantas as cores do alvorecer

Quando desdobro os sentidos

E todos os gestos resignificam-se

O meneio sedutor da cortina

Atraindo os meus olhares

Deixando-me antever uma nesga

Da paisagem intocada do novo dia

As buganvílias deitadas sob a brisa

Do dia que se descobre acordando

O sol despertando em chamas

Tingindo em carmim

O mar verde-esmeralda

No corpo desabitado

O suspiro das tuas mãos

A fresta da saudade

Tua presença vívida

Luzindo o aroma

Dos teus sussurros

Numa doce alusão

Ao que apenas se deseja

É imensa a manhã

Se me entrego ao recordar

E aveludada em permissão

Acetinada em concordância

Deixo-me ser inteira

Desvendando às tuas mãos

Os segredos, malícias e mistérios

Propositadamente vendados aos olhos meus

Fernanda Guimarães

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Fernanda Guimarães
Enviado por Fernanda Guimarães em 17/02/2005
Reeditado em 25/08/2008
Código do texto: T4565