FOGEM-ME OS VERSOS...

Tem dias em que a correria da vida

nos rouba os poemas.

E os versos ficam de pés quebrados

e todas as rimas são uma tristeza...

Onde a alegria, onde a beleza?

Até as métricas não resistem à prova dos nove!

Nem lua, nem estrela, nada nos comove...

E os gêneros poéticos ficam zombando da gente.

E não conseguimos nenhuma misericórdia

sequer dos cordéis

quanto mais dos sonetos que fogem de nós,

pobres menestréis...

As trovas somem do mapa

e os rondéis que nos rondavam,

desaparecem assim, do nada.

E bocejam os haicais, todos eles,

inclusive os guilherminos,

mortos de sono.

E ficamos no maior abandono,

com cara de poetas frustrados,

sem tema, sem musa, sem nada,

completamente desinspirados.

Onde se escondem as tais aldravias?

Cadê a parlenda que tava aqui?

Gato comeu...

E o poetrix?

Ah, este me deixou

sozinho e infeliz!!!

Sumiu

Assim

De mãos

Dadas

Com o

Mindim.

Hoje, fiquei sem norte, sem rumo,

perdi a métrica e o fio de prumo.

Lá por detrás daquela rima tinha um pé de alecrim.

Ai de mim que estou sem poema e sem prosa.

Tem dias que são assim...

Nada de azul, nada de rosa.

As montanhas distantes,

ancoradas na linha do horizonte,

sorriem caladas.

Hoje, a poesia fugiu de mim.

José de Castro
Enviado por José de Castro em 10/11/2013
Código do texto: T4564408
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.