FOGEM-ME OS VERSOS...
Tem dias em que a correria da vida
nos rouba os poemas.
E os versos ficam de pés quebrados
e todas as rimas são uma tristeza...
Onde a alegria, onde a beleza?
Até as métricas não resistem à prova dos nove!
Nem lua, nem estrela, nada nos comove...
E os gêneros poéticos ficam zombando da gente.
E não conseguimos nenhuma misericórdia
sequer dos cordéis
quanto mais dos sonetos que fogem de nós,
pobres menestréis...
As trovas somem do mapa
e os rondéis que nos rondavam,
desaparecem assim, do nada.
E bocejam os haicais, todos eles,
inclusive os guilherminos,
mortos de sono.
E ficamos no maior abandono,
com cara de poetas frustrados,
sem tema, sem musa, sem nada,
completamente desinspirados.
Onde se escondem as tais aldravias?
Cadê a parlenda que tava aqui?
Gato comeu...
E o poetrix?
Ah, este me deixou
sozinho e infeliz!!!
Sumiu
Assim
De mãos
Dadas
Com o
Mindim.
Hoje, fiquei sem norte, sem rumo,
perdi a métrica e o fio de prumo.
Lá por detrás daquela rima tinha um pé de alecrim.
Ai de mim que estou sem poema e sem prosa.
Tem dias que são assim...
Nada de azul, nada de rosa.
As montanhas distantes,
ancoradas na linha do horizonte,
sorriem caladas.
Hoje, a poesia fugiu de mim.