Transe urbano (1985)
Acorda a cidade..
Acorda a cidade
Arrancando do sono seus seres doentes
Arrancando dos sonhos seus entes pendentes por um fio à vida.
Acordam os motores e seus donos dementes
Roubando sossego de bichos e gentes...
E abrindo a ferida.
Acordam os bares e seus bêbados cadentes
Perturbando os passantes em transes freqüentes...
E à mão a bebida.
E rompendo o silêncio apitos estridentes...
E nos cegando os olhos, faróis reluzentes...
A apostar corridas.
E invertendo o processo a tarde, lentamente,
Traz-nos as notícias de alguns acidentes
E outros sem comida.
E a noite acelera, mais rapidamente
Empurrando o dia mais e mais pro poente...
E mulheres perdidas.
E os sonhos e sonos voltam novamente.
E deitados cansaços de corpos e mentes,
Adormece a cidade...
Adormece a cidade com seus pesadelos.